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Ricardo Eletro

Baiano que tem cabeça virada para trás festeja 'fama' e viagem aos EUA

'A ficha tá caindo agora', diz sobre repercussão em jornais internacionais.
Agenda profissional tem compromissos na BA, RJ e Estados Unidos.

Rafaela Ribeiro Do G1 BA
Claudio Oliveira, baiano de Monte Sangue com cabeça virada para trás (Foto: Arquivo pessoal) 
Claudio Oliveira, baiano de Monte Santo, que tem a cabeça virada para trás (Foto: Arquivo pessoal)
O baiano de 38 anos que, recentemente teve a história de vida repercutida em jornais nacionais e internacionais, agora comemora o aumento no número de convites para palestras e conferências. "Antes eram dois ou três no mês. Aí passava um tempo que os convites paravam e eu ficava uns três ou quatro meses sem ser chamado para nada. [Depois da repercussão] Esse foi um mês com mais convites. Nunca imaginava isso acontecer. A ficha ainda está caindo", conta em tom de felicidade.
Na próxima semana, dia 25, Claudio Vieira de Oliveira estará em um evento na cidade de Feira de Santana, a 100 km de Salvador e a aproximadamente 240 km de Monte Santo, onde mora. E ele vai mais longe. O próximo destino será do outro lado do Atlântico. No dia 18 de outubro, ele desembarca nos Estados Unidos, onde visitará hospitais e escolas contando sobre sua trajetória de vida. No final do ano, tem mais compromissos confirmados. Desta vez, no Brasil. Ficará de 8 de novembro a 13 de dezembro no Rio de Janeiro.
O público alvo é formado por pessoas interessadas em descobrir a "fórmula" que lhe permitiu manter o bom humor e as perspectivas de crescimento mesmo com uma doença rara, que o deixa com as pernas atrofiadas, os braços colados no peitoral e a cabeça virada para trás, sustentada pelas costas. No entanto, Claudio garante não esperar que essa exposição lhe renda uma oportunidade para tentar reverter a deficiência física.

"Já tenho 38 anos. Não precisa mexer. Tenho outros planos. Trabalho como conferencista, palestrante e quero que essa 'fama' proporcione coisas boas para mim nessa vida. A deficiência não está me limitando. O que está me limitando mesmo é não ter um automóvel para me locomover. Isso impede que eu possa atender a convites em locais mais distantes", explica.
É com esta mensagem que Claudio vai embarcar para os Estados Unidos, a convite de um amigo religioso. Apesar do convite internacional ter surgido antes dessa "explosão" com a divulgação da história pessoal, coincidiu com um momento de intensa busca por uma condição de vida cada vez melhor. G1
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Claudio Oliveira com Zico (Foto: Arquivo pessoal) 
Claudio Oliveira com Zico (Foto: Arquivo pessoal)
"Na vida a gente não pode ficar parado e só lamentar as coisas. As pessoas costumam reclamar por coisas banais, corriqueiras, e não imaginam que outras pessoas têm problemas muito maiores do que o seu. O ser humano é um pouco egoísta", ensina.
Caso
Claudio Vieira de Oliveira, morador de Monte Santo, sertão da Bahia, convive há 38 anos com uma doença rara, que nunca quis saber qual é. Para quem o vê, parece que ele enxerga tudo de cabeça para baixo e que tem dificuldade em comer, beber ou respirar. Mas não. Ele garante que é saudável e que todo funcionamento do organismo acontece de modo padrão.
Oliveira, que dá palestras motivacionais há mais de 10 anos, confessa que a única pessoa que consegue, por segundos, erguer sua cabeça é o seu cabeleireiro.
Ele garante que vê como se tivesse a cabeça na posição normal. "Eu não enxergo nada de cabeça para baixo. Eu brinco que o mundo é que está de cabeça para baixo. Eu enxergo tudo normal. Inclusive, se alguém me dar algo pra eu ler, a pessoa vira o objeto de cabeça para baixo e eu desviro. Eu leio normal. É apenas a posição da cabeça”, garante.
Ele nasceu no dia 1º de abril de 1976, na casa dos pais e, desde então, só vai aos médicos para exames de rotina. “Naquela época, não se tinha recursos. Minha mãe nunca tinha feito pré-natal. Mas a gravidez foi normal e eu tenho cinco irmãos. O próprio médico afirmou que eu não sobreviveria nem por 24 horas. Ele se enganou, foi diferente e hoje tenho 38 anos. Não foi fácil, porque o caso é raro, mas minha mãe e meus irmãos sempre me trataram de forma normal. Com o passar dos anos, passei a me adaptar”.
Claudio Oliveira em 2000, quando encontrou Papa João Paulo II, no Vaticano (Foto: Arquivo pessoal) 
Claudio Oliveira em 2000, quando encontrou Papa João
Paulo II, no Vaticano (Foto: Arquivo pessoal)
Ele relembra que começou a se acostumar com sua forma física, de fato, aos sete anos. Nessa época, deixou de andar de forma rastejante para transitar de joelhos, como acontece até hoje. Se o piso for desconfortável, Claudio Vieira usa uma sandália adquirida pelo Sarah Kubitschek, em Salvador.
A história ganhou maior repercussão no mês de agosto, quando foi contada em diversos veículos de imprensa internacional, como no Daily Mirror, Daily Mail e Metro. O baiano recebeu uma equipe de jornalistas de Londres, no ano passado. Foi quando ficou sabendo que a anomalia se chama artrogripose múltipla congênita (AMC). “Foi o primeiro diagnóstico que eu tive. Nasci dessa forma, dessa forma vou ficar. As pessoas me perguntam o que é, mas não tenho resposta para dar. É um mistério mesmo”, disse.

Ler e escrever aprendeu em casa, depois de pedir à mãe. A vontade surgiu ao observar a rotina dos irmãos indo à escola. “Ela tinha medo de sofrer preconceito e conseguiu uma professora para me dar aula particular. Depois, eu mesmo comecei com o lápis com a boca e comecei a rabiscar. Passei a me aperfeiçoar a escrever com a boca”, afirma. Com cinco mil amigos no Facebook, por exemplo, Claudio é um usuário ativo da internet. Para isso, ele deita na cama e digita com a caneta. Quanto mouse, manuseia com o queixo. Com dependência parcial, ele também não precisa de ajuda para falar ao telefone ou se alimentar. Inclusive, lançou um DVD sobre a sua história e foi ele quem fez o design gráfico da capa. “Eu me adaptei tanto que não não percebo que sou uma pessoa portadora de necessidades especiais. Não tenho preconceito comigo mesmo. Sei de relatos de pessoas que têm deficiência física que se esquivam bastante, a própria família se fecha. Minha mãe foi diferente. Sempre me liberou a ter convívio com social, sair com amigos, eu vou a festa, principalmente as de largo”, comenta.
Em 2000, passou a dar depoimentos em igrejas, a convite de amigos, e tomou o gosto para fazer palestras motivacionais. “É a minha forma de sobrevivência. Sou de uma família humilde, mas estruturada. Eu pretendo ter uma vida bem melhor através do meu trabalho. Meu sonho é conseguir ter uma vida confortável. Se eu parar no tempo, com a idade, vou ficar limitado e não quero aumentar a minha limitação. Não tenho o que me queixar ou me lamentar”, afirma. G1

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